Mapa mostra tudo o que está conectado à internet

Fisicamente é difícil precisar o que é a internet, mas se for levado em conta que a rede depende de dispositivos para operar a coisa fica um pouco mais fácil.

Olhar Digital, 01 de setembro de 2014.

Foi o que fez John Matherly, fundador da Shodan. Ele usou a infraestrutura de sua empresa, que ajuda outras companhias a encontrar dispositivos conectados à internet, para apontar todos esses aparelhos.

O resultado é um mapa que mostra quão concentrada a rede está em países desenvolvidos e áreas metropolitanas. Não há como atestar totalmente que Matherly conseguiu identificar todos os aparelhos conectados, mas o mapa dá uma boa ideia de como anda a distribuição da web.

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Clique aqui e veja o tweet original de John Matherly.

Sonegação dos ricos é 25 vezes maior que corrupção nos países em desenvolvimento

taxhavenscyNo ano passado, cerca de um trilhão de dólares fugiram dos países em desenvolvimento e terminaram em paraísos fiscais. Conheça as capitais da corrupção.

Marcelo Justo entrevista Jason Hickel, Carta Maior, 25 de fevereiro de 2014

Uma visão muito difundida sobre o desenvolvimento econômico afirma que os problemas enfrentados pelas economias em desenvolvimento e os países pobres se devem à corrupção. Essa visão se choca com um dado contundente da realidade internacional: a China. Nem mesmo o Partido Comunista põe em dúvida que a corrupção é um dos grandes problemas nacionais, o que não impediu um crescimento médio de dois dígitos nas últimas três décadas.

No entanto, segundo Jason Hickel, professor da London School of Economics, esta perspectiva oculta um problema muito mais fundamental em termos sistêmicos para a economia mundial: a corrupção dos países desenvolvidos. Trata-se de uma corrupção do colarinho branco, invisível e refinada, que foi uma das causas do estouro financeiro de 2008. Continue lendo

Ucrânia: nem tropas russas, nem fascismo, nem instituições euro-atlânticas

russian troops in crimeaA queda de Ianukovitch não é “um golpe” fascista. Mas a composição e as orientações do “governo de união”, apoiado pelas potências ocidentais, vão provocar a explosão da Ucrânia. As explicações de tipo complot e polarizadas ocultam os desafios sociais e democráticos, apoiando-se apenas numa parte da verdade.

Catherine Samary, Esquerda.net, 4 de março de 2014

Do lado da Maidan: Foi um movimento popular, desafiante para todos os partidos por causa dos seus próprios métodos, que fez cair Ianukovitch: mais do que por causa da Europa, a Maidan mobilizou-se massivamente contra a “família” dominante, oligárquica e contra o curso cada vez mais repressivo e personalista do regime, temendo-se que uma integração dos projetos de Putin agrave estas derivas. Continue lendo

Negociações entre os gigantes da web: “o nome do jogo é controle”

2wn9u05Internet é, ao mesmo tempo, um instrumento insuperável de liberdade e de controle

IHU On-line entrevista Pedro Rezende, IHU On-line, 27 de fevereiro de 2014

A compra do WhatsApp pelo Facebook na última semana, no valor de 16 bilhões de dólares, pode ser compreendida como uma “aposta da empresa Facebook numa próxima fase evolutiva da TI que asfixiaria o mercado de PCs programáveis em favor de tablets e smartphones, esses mais facilmente controláveis pelo fabricante. Tal aposta se alinharia com a estratégia dos globalistas infiltrados na TI determinados a acabar com a autonomia da computação pessoal programável”. A avaliação é de Pedro Rezende, professor do Departamento de Ciência da Computação da Universidade de Brasília.

Autor de inúmeros artigos sobre criptografia, segurança na informática, software livre, revolução digital, epistemologia da ciência, Rezende esclarece, em entrevista concedida à IHU On-Line por e-mail, que “os computadores pessoais universalmente programáveis representam um risco para a agenda globalista muito maior do que para o usuário comum, pois iniciativas inovadoras desenvolvidas colaborativamente em regime de licenciamento permissivo, tais como o software livre e seus emblemáticos navegadores web, podem atrapalhar a implantação de um regime de vigilantismo e controle social máximos necessário ao ambicionado hegemon”.

Apesar de a rede ser composta por “vários monopólios”, há uma cartelização “fortuita ou ocasional”. Mas o “nome do jogo”, adverte, “é controle”. E explica: “O que as revelações de Snowden denunciam, no fundo, é uma parte essencial de um plano ofensivo de guerra cibernética posto em marcha para implantar um regime dominante de vigilantismo global, a pretexto do inevitável jogo de espionagem das nações, nele camuflado como combate ao terrorismo, cibercrime, etc.”. Continue lendo

D’où surgit le nouveau capitalisme chinois ? « Bourgeoisification » de la bureaucratie et mondialisation

new_hong_kong_night_skylineDe la contre-révolution bureaucratique à la contre révolution bourgeoise

Pierre Rousset, ESSF, 23 février 2014

D’où surgit le nouveau capitalisme chinois, qu’est-ce qui a permis son envol et quelles sont ses particularités ? Quelles interrogations de fond cette expérience contemporaine soulève-t-elle ? Ce sont ces questions que la présente contribution veut aborder.

[Nous reproduisons ci-dessous le chapitre d’un livre sur la révolution chinoise qui doit être publié en Espagne. Les deux premières parties (portant sur la lutte révolutionnaire, puis le maoïsme au pouvoir) sont disponibles en français sur ESSF. Ce chapitre aborde des questions de fond et ouvre la troisième partie : la naissance d’un nouveau capitalisme en Chine et les luttes sociales des années 1980 à nos jours. L’écriture de cette troisième partie n’est pas achevée. Nous aimerions susciter des commentaires avant la remise définitive du manuscrit…] Continue lendo

Desmatamento na Amazônia cresce 206% em janeiro, diz Imazon

AmazoniaO Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), da organização Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), sediada em Belém (PA), detectou que a Amazônia Legal perdeu perdeu 107 km² de floresta em janeiro de 2014, o que representa um aumento de 206% em relação a janeiro de 2013 quando o desmatamento somou 35 km².

Altino Machado, Blog da Amazônia, 14 de fevereiro de 2014

O desmatamento acumulado no período de agosto de 2013 a janeiro de 2014, correspondendo aos seis primeiros meses do calendário atual de desmatamento, totalizou 531 km². Foi detectada redução do desmatamento acumulado de 60% em relação ao período anterior (agosto de 2012 a janeiro de 2013) quando o desmatamento somou 1.326 km². Continue lendo

Copa de 2010: Porno-Desperdício

cape town stadiumDurante a Copa do Mundo da África do Sul, o centro do Johannesburgo era o lugar perfeito para não estar. Naquele junho de 2010, guias turísticos faziam questão de advertir: “À noite, não vá!”

Laura Capriglione, Agência Pública, 11 de fevereiro de 2014

O normal ali é a polícia se retirar assim que o sol se põe e o comércio baixa as portas. Sem lei, os quarteirões ficam, então, entregues ao submundo do tráfico, a usuários em busca de droga, aos loucos, aos sem-teto, aos refugiados de tantos países africanos.

Naquele mês, não. O que não faltava era polícia. Vai que um turista desavisado resolvesse dar um rolé pelas ruas… Continue lendo

Comcast + Time Warner Cable = Disaster

stop-the-merger_0Craig Aaron, Free Press, February 13, 2014

Comcast just announced that it’s buying Time Warner Cable. If approved, this outrageous deal would create a television and Internet colossus like no other. Comcast is the country’s #1 cable and Internet company and Time Warner Cable is #2. Put them together and you get a single giant controlling a massive share of our nation’s TV and Internet-access markets.

No one woke up this morning wishing their cable company was bigger or had more control over what they watch and how they get online. But that is the reality we’ll face unless the Justice Department and the Federal Communications Commission do their jobs and block this merger. Stopping this kind of deal is exactly why we have antitrust laws. After a year of sustained organizing, we convinced the DoJ and the FCC to stop AT&T from gobbling up T-Mobile. Continue lendo

A gota de sangue

Luis SoaresLuiz Eduardo Soares, Facebook, 10 de fevereiro de 2014

A morte do cinegrafista da Band é uma tragédia e um ponto de inflexão no processo político em curso. Pela tragédia, me solidarizo com a dor de familiares e amigos. Quanto à política, esse episódio dramático é a gota d’água, ou a gota de sangue que muda a qualidade dos debates e das identidades em conflito.

Quebrar vitrines é prática equivocada, contraproducente e ingênua, mas compreensível como explosão indignada, ante tanta iniquidade e a rotineira violência estatal, naturalizadas pela mídia e por parte da sociedade. Mas tudo se complica quando atos agressivos deixam de corresponder à explosão circunstancial de emoções, cuja motivação é legítima. Tudo se transforma quando atos agressivos já não são momentâneos e se convertem em tática, autonomizando-se, tornando-se uma espécie de ritual repetitivo, performance previsível, dramaturgia redundante. Continue lendo

“Dios no murió. Se transformó en dinero”

agamben-c2a9-b-cannarss399263Peppe Savà entrevista a Giorgio Agamben, Ragusa News, 8 de febrero de 2014. Traducido para Rebelión por Susana Merino

Giorgio Agamben es uno de los más grandes filósofos vivos. Amigo de Pasolini y de Heidegger, es según el Times y Le Monde uno de los diez cerebros más importantes del mundo. Por segundo año consecutivo ha permanecido en Sicilia durante un largo período de vacaciones.

El gobierno de Monti invoca la crisis y el estado de necesidad y parece ser el único camino de salida tanto de la catástrofe financiera como de las indecentes formas que ha tomado el poder en Italia, ¿el enfoque de Monti sería la única salida o podría convertirse contrariamente en un pretexto para imponer serias limitaciones a las libertades democráticas?

“Crisis” y “economía” no se usan hoy en día como conceptos sino como palabras de orden que sirven para imponer y obligar a aceptar medidas y restricciones que la gente no tendría porqué aceptar. “Crisis” significa hoy ¡debes obedecer!” Creo que es muy evidente para todos que la llamada “crisis” viene durando decenios y no es otra cosa que la normalidad con que funciona el capitalismo de nuestro tiempo. Un funcionamiento que no tiene nada de racional. Continue lendo

La militarización democrática

desigualdade-socialRaúl Zibechi, La Jornada, 7 de febrero de 2014

El reciente informe de Oxfam Gobernar para las élites muestra con datos fehacientes lo que venimos sintiendo: que la democracia fue secuestrada por el uno por ciento para ensanchar y sostener la desigualdad. Confirma que la tendencia más importante que vive el mundo en este periodo de creciente caos es hacia la concentración de poder y, por tanto, de riqueza.

El informe señala que casi la mitad de la riqueza mundial está en manos de uno por ciento de la población, que se ha beneficiado de casi la totalidad del crecimiento económico posterior a la crisis. Acierta Oxfam al vincular el crecimiento de la desigualdad a la apropiación de los procesos democráticos por parte de las élites económicas. Acierta también al advertir que la concentración de la riqueza erosiona la gobernabilidad, destruye la cohesión social y aumenta el riesgo de ruptura social. Continue lendo

Depois de 20 anos em São Paulo, tucanato mostra sua cara

metro_lotadoWaldemar Rossi, Correio da Cidadania, 7 de fevereiro de 2014

Quando Fernando Henrique Cardoso (FHC) foi eleito presidente da República, em 1994, Mário Covas também se elegeu governador pelo estado de São Paulo. O PSDB planejava ficar no governo por 20 anos, pelo menos. Convenhamos, um projeto ousado. Com FHC não funcionou, bastaram oito anos para que o povo brasileiro acordasse, e vivesse nova (?) experiência com o PT. Mas com Covas/Alckmin/Serra deu certo. Deu certo?

Não houve alternância no governo paulista: Covas-Alkmin-Serra-Alkmin e lá se vão os 20 anos planejados. Com o apoio de um eleitorado estadual majoritariamente conservador e a cobertura midiática, conseguiram passar goela abaixo todos os projetos que interessavam ao capital, ditados pelo Consenso de Washington (CW). Continue lendo

Três anos de revoltas conectadas

mani junho BrExistem elementos comuns entre a explosão do movimento espanhol 15M e o nascimento #YoSoy123 no México? Pode-se traçar algum paralelo entre a defesa do Gezi Park, em Instambul, e as revoltas iniciadas pelo Passe Livre no Brasil? Há padrões compartilhados entre as revoltas que sacudiram o mundo desde a centelha da Primaveira Árabe?

Bernardo Gutierrez, Outras Palavras, 20 de janeiro de 2014. A tradução é de Cauê Ameni e Gabriela Leite.

Se levarmos em conta apenas pautas concretas, as revoltas poderiam parecer desconexas. O grito de “Não somos mercadorias nas mãos dos políticos e banqueiros”, do 15M, teria pouco a ver com o “Se a tarifa não baixar, a cidade vai parar”, das revoltas no Brasil. Occupy Wall Street estaria longe do #YoSoy132 mexicano, que nasceu contra a criminalização de 131 estudantes da Universidade Iberoamericana. No entanto, o imaginário de todas as revoltas parece conectado por algo que escapa à lógica.

O “vamos fazer como em Tahrir” (praça no Cairo, Egito) era um eco dos “quarenta da [Porta do] Sol” que acamparam em Madri na noite do 15 de maio de 2011. “Acabou a mordomia, o Rio vai virar outra Turquia” ressoava nas manifestações iniciais do Rio de Janeiro. O hashtag #TomaLaCalle, que agitou os indignados espanhois, foi reutilizado e remesclado na mobilização peruana de julho do ano passado.

A Anonymous Rio hackeou a conta do Twitter da Rede Globo e colocou três palavras: Democracia real já. E o imaginário do Occupy está presente na maioria das revoltas dos últimos tempos. O que, como e por que flutua no ar uma conexão inexplicável, à primeira vista? Continue lendo

Para evitar crise, Brasil precisa diversificar matriz energética

wind-energyPaís é hoje dependente de hidro e termoelétricas. Para especialistas, modelo é arriscado e caro. E saída passa por explorar fontes renováveis e potencial das regiões. Solução a curto prazo, porém, é vista com ceticismo.

Deutsche Welle, 5 de fevereiro de 2014

Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o apagão de terça-feira (05/02), que atingiu partes das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, não foi causado, em princípio, por excesso de consumo. Mas de acordo com especialistas ouvidos pela DW, o Brasil precisa diversificar urgentemente sua matriz energética – hoje altamente dependente das hidroelétricas e, em casos de emergência, das termoelétricas.

As termoelétricas são acionadas sempre que o setor hidroelétrico – responsável por 63% da energia gerada no país – ameaça não dar conta da demanda de consumo. Segundo especialistas, a curto prazo, nenhuma outra fonte de energia renovável será capaz de suprir as atuais necessidades do sistema, mas, para os próximos anos, é preciso investir em alternativas.

“As energias renováveis não são oportunidades que possam ser implementadas a curto prazo, porque a lição não foi feita. O planejamento do Brasil é só aumentar a oferta de hidroelétricas. E o governo acaba não atentando para as alternativas”, avalia Artur de Souza Moret, professor do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente da Universidade Federal de Rondônia (Unir). “A tendência ‘monotecnológica’ do país é um entrave à eficiência do planejamento enérgico.” Continue lendo

Escravidão urbana passa a rural pela primeira vez no Brasil

O número de trabalhadores resgatados de condições análogas à escravidão em atividades urbanas superou a quantidade de casos ocorridos no campo pela primeira vez desde que dados sobre libertações começaram a ser compilados. De acordo com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), que sistematizou informações que vão de 2003 a 2013, 53% das pessoas libertadas no ano passado trabalhavam nas cidades. Em 2012, esse percentual foi de 29%.

Igor Ojeda, Rede Brasil Atual, 6 de fevereiro de 2014

A construção civil foi a maior responsável por isso, sendo o setor da economia brasileira com mais casos de resgates em 2013: foram 866 libertados, ou 40% do total. Em segundo lugar, ficou a pecuária, com 264 (12%). A construção civil já havia liderado em 2012, mas com uma porcentagem bem menor: 23%. A pecuária, no entanto, encabeça o “ranking” se contabilizados os casos desde 2003, com 27% das ocorrências, seguida pela cana, com 25%. Chama a atenção o fato de que 24% do total das libertações tenham ocorrido no estado de São Paulo. Continue lendo

A pane no metrô: dos rolêzinhos à irresponsabilidade política

metro spJoão Sette Whitaker, Cidades para que(m)?, 6 de fevereiro de 2014

Seria muito, mas muito bom que o governador provasse, o quanto antes, as graves acusações que fez sobre a interrupção do dia 5 no metrô de São Paulo e toda a confusão que se seguiu (milhares de usuários andando pelos trilhos, gente passando mal, brigas, que mais uma vez não resultou em mortes por pura sorte): a de que ela foi provocada pela ação de “vândalos”. Caso não consiga, estaremos face a um perigoso cenário em que não há limites para criar versões que isentem o governo de suas responsabilidades.

Vale qualquer coisa para fugir dos fatos. Aponta-se como causa dos problemas os “distúrbios sociais”, o “vandalismo”, de responsabilidade difusa (a “situação do país”, o prefeito, o Governo Federal?), desviando-se o foco das suas causas reais, absolutamente mensuráveis e de responsabilidade bem precisa: o Governo do Estado. Continue lendo

Jogos do Rio podem custar 4 vezes mais

bandeiraA realização de Jogos Olímpicos oferece grande risco financeiro e a Olimpíada do Rio pode chegar a ficar três vezes mais caro do que o orçamento inicial, na opinião de uma pesquisadora da Universidade de Oxford.

BBC Brasil, 30 de janeiro de 2014

Allison Stewart, coautora de um estudo que concluiu que as Olimpíadas desde 1960 têm estourado orçamentos em 252%, diz ver o risco de que os Jogos do Rio tenham um aumento na mesma magnitude do verificado nos Jogos de Londres em 2012, orçados inicialmente em US$ 3,95 bilhões e com custo final de US$ 15 bilhões – um aumento de mais de quatro vezes o valor inicial.

“Com base nos nossos estudos e no que temos visto do Rio eu diria que não é impossível que o orçamento dos Jogos de 2016 também tenha um aumento nesta magnitude”, disse ela em entrevista à BBC Brasil. Continue lendo

Por que o Brasil está contra a Copa?

imagesJuan Arias, El País, 28 de janeiro de 2014

Entre incrédulo e atônito, o mundo se pergunta por que o Brasil, a meca do futebol, um país cujos cidadãos levam no DNA a paixão pela bola que contagiou o planeta, mostra-se contra a celebração da Copa, um acontecimento que tantos teriam ansiado. E a resposta possivelmente acarreta uma surpresa.

As imagens da primeira manifestação de rua contra a Copa, ocorrida no sábado em São Paulo, a cidade onde tiveram início também os primeiros protestos maciços em junho passado – quando se disse que o gigante Brasil “acordou” –, correram as primeiras páginas tanto pela violência dos manifestantes quanto pela da polícia, que atirou em um jovem de 24 anos, algo impensável em um regime democrático, pois evoca os fantasmas da ditadura. Continue lendo

Rolezinho e roleta-russa

1490702_781379198556597_2129245307_oEugênio Bucci, O Estado de S.Paulo, 23 de janeiro de 2014

1. Trilhas sonoras defasadas. Uma canção ecoa na cabeça das autoridades do governo federal, numa trilha sonora trazida de memória: “Tudo era apenas uma brincadeira/ E foi crescendo, crescendo, me absorvendu-u-u…”.

A prática do rolezinho, que começou na planície periférica de modo quase inocente, como brincadeira juvenil, foi crescendo, crescendo, ganhou proporções de impasse político e de potencial perturbação da ordem pública e hoje atormenta os corredores planaltinos, absorvendo o tempo escasso do pessoal que bate ponto na Esplanada dos Ministérios. A esta altura, a composição de Peninha, provavelmente nos vibratos indefiníveis de Caetano Veloso, faz o fundo musical das piores paranoias das autoridades. Entre um respiro e outro, elas torcem para que outro verso da mesma letra seja igualmente verdadeiro: “Mas não tem revolta, não”. Continue lendo

Mundo perde 62 milhões de empregos

yacht-landscape-billion-oxfam-460A crise financeira iniciada em 2008 expulsou do mercado de trabalho 62 milhões de pessoas no mundo e, hoje, 202 milhões de pessoas estão desempregadas, o equivalente a um Brasil inteiro. Enquanto isso, uma elite composta por apenas 85 indivíduos controla o equivalente à renda de 3,5 bilhões de pessoas no mundo.

Jamil Chade, O Estado de S. Paulo, 21 de janeiro de 2014

Dados divulgados nesta segunda-feira pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e pela entidade Oxfam revelam o impacto social da crise de 2008. Meia década depois do colapso dos mercados, os ricos estão mais ricos e a luta contra a pobreza sofreu forte abalo. Hoje, 1% da população mundial tem metade da riqueza global. Continue lendo